História de uma tarde
Há
uma réstia de tarde ainda por resolver.
Não durará muito é certo (espera-a
o esquecimento) somente o necessário até
a noite baixar. Ainda falta esta luz
antes de fechar a praia
(um átimo para esquecer
recordar
voltar a atrás). Já não sobra muito eu sei
(só instantes sem momentos) esse pouco
que divisa memória de
ilusão. Procuro o inefável na espessura da tarde –
se eu não guardar num poema esta hora atravessada
nem ela nem esta tarde alguma
vez existirão.
in Mediterrâneo de João Luis Barreto Guimarães